Reviews Pentahedron

Quintet à cordes plus percussion dans un mode improvisé contemporain à la fois dense et aéré, éminemment collectif et tout en finesse. Violon – Carlos « Zingaro » Alves, alto – Ernesto Rodrigues, violoncelle – Guilherme Rodrigues, contrebasse – Hernâni Faustino et percussions – José Oliveira. L’ensemble opère avec des interventions millimétrées de chaque cordiste individuellement et des voicings à deux, trois ou quatre telle une constellation de frottements d’archets en métamorphose permanente aux sonorités étirées, compressées ou élancées traçant des volutes sinueuses ou des ostinatos d’harmoniques se transformant en cadences composites. Une seule longue improvisation évolue par paliers d’agrégats opaques ou diaphanes, séquences fugaces ou drones agglutinantes en mutation constante ou un silence passager interrompu par des entrechocs col legno, point de départ d’un mouvement plus complexe où les éléments du collectif s’écartent mus par une force centrifuge invisible… alternant ensuite avec une séquence minimaliste. Le percussionniste commente et colore l’ensemble avec une belle dynamique et une inventivité qui découlent des principes mis en exergue par le grand John Stevens. On découvre les possibilités infinies de toucher- gratter – frotter – secouer de la percussion et leurs dimensions finement aléatoires. Finalement, le travail d’Oliveira vient alimenter les réactions instinctives du quatuor cordiste vers un final dont l’intensité et la fréquence des frappes et chocs décroît subitement vers le silence. Que la durée réelle soit de 28 minutes importe peu car les cinq musiciens ont investi le temps en l’étirant, le fragmentant jusqu’à le rendre imperceptible par la grâce des infinies variations musicales, d’arabesques éphémères, de croquis touffus, de pointes élancées, de strates de textures mouvantes … À la fois musique en chantier spontanée et construction raisonnée faite de mouvements distincts et coordonnés soulignant l’intense et lucide écoute mutuelle interactive et proactive. Un véritable chef d’œuvre qui transcende les ismes et tendances inhérentes à la pratique de l’improvisation libre en les fusionnant avec un très grand talent. Jean-Michel Van Schouwburg 

 

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Alguns dos nomes mais representativos da cena de Portugal se uniram neste quinteto. Em gravação ao vivo que aconteceu em novembro de 2019, durante o Creative Fest XIII, no O’Culto da Ajuda, em Lisboa, Pentahedron concentra essas vozes em uma peça de improvisação coletiva altamente madura e perfeitamente equilibrada. Formado por Carlos Zíngaro (violino), Ernesto Rodrigues (viola), Hernâni Faustino (baixo), Guilherme Rodrigues (violoncelo) e José Oliveira (bateria), o quinteto exibe apenas 29 minutos de música (não sei se ao vivo rolou mais). No que poderia ser um quarteto de cordas, temos a interessante adição do trabalho percussivo de Oliveira, que oferece outras possibilidades rítmicas ao desenvolvimento da música apresentada. A peça já começa com força, com a percussão rasgando o ar em entradas e saídas precisas, enquanto as cordas vão encontrando seus rumos, se preparando quer seja para interações entre elas, quer seja para momentos de protagonismo deste ou daquele instrumento. Sólido exemplar da potência atual da música improvisada portuguesa. Fabricio Vieira

 

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Foi tardia a inclusão de Carlos “Zíngaro” no catálogo da Creative Sources (tal aconteceu apenas em 2018, como convidado do Lisbon String Trio no álbum “Theia”), e anos depois de ter desaparecido da lista de novas edições da também portuguesa Clean Feed. Eis que o violinista surge agora num registo da editora conduzida por Ernesto Rodrigues, ao lado deste, de Guilherme Rodrigues e de Hernâni Faustino nos restantes cordofones (viola, violoncelo e contrabaixo, respectivamente), com o acrescento do regressado percussionista José Oliveira, que durante algum tempo esteve afastado da cena nacional da improvisação. A gravação de “Pentahedron” foi realizada ao vivo, no concerto que o quinteto deu o ano passado no Creative Sources Fest (O’culto da Ajuda) e essa dimensão “live” faz-se sentir ao longo da audição, habilmente captada por Miguel Azguime.

“Pentahedron” pode não surpreender aqueles que procuram novos caminhos improvisacionais, mas tem diversas virtudes. Uma é dar-nos uma perspectiva do ponto em que estamos desse subgénero a que se chamou de “música de câmara improvisada”. Esclarece-nos quanto à dívida que esta tem para com os legados da música erudita e também quanto às formas como se tem emancipado da dita, e coloca a claro tanto as heranças vindas do free jazz como o modo como estas são diluídas em algo de diferenciado. Outra mais-valia está na ultrapassagem da estagnação sofrida pelo reducionismo, tendência com que Ernesto Rodrigues é conotado. Poucas das premissas desta sobrevivem aqui – não obstante a abordagem iminentemente textural e tímbrica, não há economia de notas nem aproximações ao silêncio, e sim expressão, narrativa e esse factor distintivo que é o gesto. Cada som implica movimento, performatividade, entrega física, aquilo precisamente que pedimos à improvisação e este título consegue transmitir-nos sem que usemos os olhos. Quando os ouvidos vêem, é porque a música atinge a aspirada plenitude. Rui Eduardo Paes 

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Another masterpiece from the quintet of Portuguese Giants of chords, supported by the incredible José Oliveira on percussion. This live recording by Miguel Azguime on November was realized during the Creative-
Fest XIII at O’Culto da Ajuda, Lisbon. It is a 30 minutes of inc redibly creative conversations between the true masters, who mostly use bows, but not only. For me the particularly amazing is the sound and form of 70 years old Carlos, whose freshness is simply unbelievable. I like especially the pre-final part of the track that reminds me of contemporary classical string music of Helmut Lachenmann or Giacinto Scelsi. And, the final-final with is explosive. Muito obrigado, Carlos et consortes!!! Maciej Lewenstein